Sunday, October 16, 2005

Sthapatyaveda Maharishi - Princípios antigos para um novo Paradigma na Arquitectura

‘A arquitectura tem um sentido cósmico no seu projecto’
Arata Isozaki

AS TECNOLOGIAS MAIS ANTIGAS E MODERNAS DÃO AS MÃOS
O Edifício mais alto do mundo projectado de acordo com os princípios da Arquitectura Védica Maharishi, a Torre de Paz Mundial, poderá começar a ser construída em S. Paulo. Com uma altura aproximada de 500 metros e uma base quadrada de 250 metros de largura este edifício de 108 andares não só se tornará no edifício mais alto do mundo como também no que tem maior área construída e espaço habitável. Para a sua construção pensa-se que serão utilizados terrenos centrais de S. Paulo cujo valor se encontre relativamente baixo. O projecto foi considerado prioritário pelas autoridades autárquicas com o propósito de intervir na renovação e revalorização urbana e de promover uma nova e revitalizada imagem do país no mundo, no novo milénio.

O edifício foi concebido pelo arquitecto alemão Eike Hartman utilizando os princípios de elaboração do Sthapatyaveda Maharishi (arquitectura védica de acordo com a Lei Natural) e o projecto particular assim como a sua execução estarão a cargo da companhia americana de arquitectos Minoru Yamasaki e Associados, que construíram o World Trade Center de Manhattan.

Do ponto de vista da sua estrutura o edifício é magistral. A sua morfologia remete para os antigos templos védicos dos quais ainda podemos apreciar alguns vestígios em Angkor (Camboja) e em Kajuraho (Ìndia). É uma elegante e esbelta pirâmide com relação métrica base-altura de 1 por 2. A sua superfície é ligeiramente convexa e apoia-se em 4 mega-colunas posicionadas nas arestas da sua base quadrada e que se prolongam numa extensão de 500 metros de altura. Na realidade não é um edifício, mas sim 4 edifícios inclinados que se apoiam na megaestrutura que se ergue a partir das arestas da base da pirâmide. A estrutura foi concebida pelo engenheiro Leslie Robertson que desenhou e construiu 3 dos 5 edifícios mais altos do mundo na actualidade. Com respeito à análise dos ventos descobriu-se que em geral os projectos de diferentes arranha-céus criaram condições de ventos muito fortes na sua base. Contudo, testes laboratoriais em túnel de vento demonstram que graças à sua configuração este edifício dirige o vento para cima, mantendo uma atmosfera aquietada e sem ventos na sua base e arredores.

Interiormente semelhante colosso é oco. Está repartido em 7 níveis de uns 68 metros de altura separados entre si por grandes átrios com jardins e parques interiores, o primeiro dos quais, na sua base tem mais de 200 metros de lado. Os 7 átrios totalizam 130 000 metros quadrados de espaços verdes interiores. Estes átrios servem para criar braços estruturais horizontais que ancoram a estrutura principal e contribuem para criar uma resistência sísmica e eólica máxima, considerando que a força do vento pode chegar a ser de 5 ou 6 vezes superior à do pior terramoto. Estes átrios terão jardins suspensos com fontes e cascatas que são amplamente iluminadas com luz natural a partir de gigantescas janelas de 30 metros de base e que cruzarão verticalmente a parte central de cada uma de suas quatro elevações. Uma verdadeira cidade jardim suspensa.

Os sete níveis do edifício correspondem às seguintes actividades. Subpiso: Centro de Convenções e Zonas de Exposição exteriores ao edifício (67 000 milhões de metros quadrados). Primeiro piso: Lojas, Centros Comerciais e Escritórios alugados; 360 000 metros quadrados construídos. Segundo piso: 4 hotéis com um total de 2800 quartos. Terceiro piso: 2 000 apartamentos T1. Quarto e quinto pisos: 1 200 apartamentos. Sexto e Sétimos pisos; 320 condomínios de luxo. Coroa: Teatros, Restaurantes, Observatório. O total de área construída é de 4,7 milhões de metros quadrados com 80% de uso eficiente ( 3,8 milhões de metros quadrados de espaço habitável), o que significa mais do que a área construída das duas Torres do World Trade Center combinadas.

Graças a um sistema de células solares, o edifício durante a noite brilhará com uma luz dourada natural. O acesso ao edifício através de velozes tapetes rolantes eléctricos elevados desde o estacionamento exterior para 20 000 carros até aos núcleos de elevadores do edifício. O edifício está erigido na sua base de 7 hectares na parte central de um terreno de 70 hectares projectado como um grande parque de atmosfera aquietada e pacífica. Toda a poluição e ruído associados às grandes cidades onde encontramos arranha-céus são alheios a este conjunto. Nos acabamentos do edifício usam-se materiais naturais recicláveis não contaminantes. O edifício contará com a sua própria estação de purificação de água. Somente veículos eléctricos circularão no seu interior. Ademais, será um edifício inteligente e modelar com os meios mais recentes de controle computadorizado e sistemas de informação via-satélite através de banda larga e vídeo- walls de plasma em cada suite.

O custo deste edifício está calculado em 2 500 milhões de dólares e o seu tempo de construção será cerca de 5 anos. Durante a construção serão criados 10 000 empregos directos.
Concluindo, o edifício albergará 5 000 pessoas e calcula-se que diariamente umas 50 000 pessoas estarão nele entre empregados, visitantes, turistas, consumidores, etc.
As características deste edifício são únicas. Não só pelos seus contributos estruturais e técnicos mas sobretudo pela própria concepção da planta. Este é um edifício projectado exactamente de acordo com os princípios da antiga arquitectura de acordo com a lei natural: a arquitectura védica ou Sthapatyaveda Maharishi. O seu desenho auspicioso promoverá a prosperidade, êxito, saúde e paz de todos os seus residentes. Estes princípios começaram a ser usados desde há poucos anos em todo o mundo baseados no reavivamento completo da arquitectura védica realizado por Maharishi Mahesh Yogi, sábio e cientista indiano de renome mundial.

OS PERIGOS DA ARQUITECTURA

‘Todo o projecto que prejudique a bagagem natural do homem ou que crie tensão deveria ser eliminado, seguindo as exigências do nosso sistema nervoso e do nosso funcionamento psicológico total’

Richard Neutra

Em geral o nosso desenho de espaços arquitectónicos e urbanos dista muito do cumprimento com os requerimentos mínimos que podemos deduzir desta premissa. Apesar das nossas melhores intenções, nós arquitectos temos cometido grandes erros e a ciência corrobora o impacto do desenho e do tipo de materiais no bem-estar humano. As pessoas não são felizes ainda que vivam em vivendas com o projecto mais sofisticado. Os médicos Menzies e Bourbeau publicaram um estudo em 1997 no New England Journal of Medicine no qual especificam a sua descoberta da Síndroma do Edifício Doente. De acordo com o estudo, este síndroma afecta cerca de 30% da população que habita nas grandes cidades. Nos Estados Unidos calculam-se que uns 70 milhões de trabalhadores estão em risco de saúde devido a este síndroma. Este tipo de afectação está evidenciado nos sintomas associados a depressão, ansiedade e doenças psicofisiológicas originadas pelos materiais e pelo desenho das vivendas, edifícios e espaços urbanos em que vivemos (depressão urbana, NT). Outro estudo confirma que a contaminação ambiental no interior dos espaços habitados é 20 vezes mais alta do que nas ruas mais contaminadas de Nova Iorque e Los Angeles sendo devida ao uso de materiais e tintas contaminantes. Se os nossos projectos e os materiais que empregamos afectam a saúde mental e física das pessoas, os arquitectos, sabendo-o ou não, convertem-se em responsáveis de muitos dos males da sociedade actual. O Arq. Jonathan Lipman, Presidente da Frank Lloyd Wright Building Conservancy nos Estados Unidos que tomou conhecimento do Sthapatyaveda Maharishi afirmou referindo-se a estas descobertas: ‘Apesar das nossas melhores intenções, nós, os arquitectos do séc. XX temos feito erros colossais. Isto é porque a nossa disciplina não dispôs das ferramentas para verificar profundamente as leis da natureza que governam a vida num edifício ou numa cidade. Isto converte os nossos clientes em sujeitos passivos de uma experiência muito cara e perigosa. A antiga disciplina da Arquitectura Sthapatyaveda Maharishi permite-nos ter acesso a linhas mestras profundas que nos permitem desenhar cidades e vivendas em harmonia com a Lei Natural terminando com o experimentalismo na vida dos nossos clientes’.

A ARQUITECTURA DE ACORDO COM A LEI NATURAL

‘A arquitectura será o meio para manter o homem e a natureza’

Frei Otto

Face a estas evidências a arquitectura remete-nos para uma definição mais ampla e precisa do que significa fazer arquitectura e ser arquitecto. Todas as definições que usamos, podem ser todas elas, igualmente válidas; mas é evidente que devem incluir necessariamente a promoção da saúde física, mental e espiritual do indivíduo, o seu bem-estar e o desenvolvimento de estados de maior evolução pessoal e social. Le Corbusier diz em ‘Para uma Arquitectura’ que a arquitectura é aquela que comove, que faz bem, que dá sorte, que inspira.
Face a este novo desafio a arquitectura védica, Sthapatyaveda Maharishi releva uma importância vital. O Sthapatyaveda Maharishi é o mais antigo sistema de projecção de vivendas, cidades e países de acordo com a Lei Natural para conectar a vida individual com a vida cósmica e criar condições ideais de vida. O Sthapatyaveda Maharsihi é uma das 40 disciplinas da Ciência Védica Maharishi. Os Vedas têm milhares de anos de antiguidade e são os tratados mais antigos de conhecimento humano que geograficamente podem ser situados nos Himalaias, na Índia. Veda significa conhecimento. Sthapatya significa estabelecer. O Sthapatyaveda é a ciência para estabelecer o Ser na matéria, para despertar a consciência em toda a criação humana, incluindo os espaços da arquitectura urbana. O Sthapatyaveda revela os princípios universais de projecção presentes na conformação da matéria desde os níveis atómicos até ao universo. Estes princípios aplicam-se à projecção de vivendas e ao planeamento urbano incluindo também a escultura e a pintura. No Sthapatyaveda, o desenho, estrutura e forma de um edifício são conhecidos com o termo de Vastu. Um Vastu ideal é auspicioso para as pessoas, sociedade e meio ambiente quando segue os princípios que criam harmonia com a Lei Natural que analisaremos mais adiante. Um Vastu não é auspicioso quando viola a Lei Natural através de princípios de projecção que não estão de acordo com ela e portanto produzem influências negativas de tensão, medo, doença, pobreza e debilidade para o indivíduo e o meio ambiente. Maharishi Mahesh Yogi, cientista e erudito mestre védico é o responsável pelo resgate dos antigos princípios do Sthapatyaveda e de os colocar dentro de um formato aplicável para a arquitectura moderna. Maharishi define o Sthapatyaveda: ‘O desenho de Sthapatyaveda proporciona as dimensões, fórmulas e orientações para que as construções possam fornecer harmonia cósmica e apoio ao indivíduo, para a sua paz, prosperidade e boa saúde, vida diária de acordo com a Lei Natural, uma vida diária em direcção evolucionária’.

O PAPEL DO ARQUITECTO

‘Só um ser que aprendeu a mais sublime das realidades pode dar forma à realidade mais elevada.’

Walter Gropius

‘Quando a intuição alcança alimento, a destreza se desenvolve com máxima rapidez’, dizia Gropius. Essa intuição refinada é a que deve desenvolver o arquitecto para que, como dizia Louis Khan ‘o desconhecido, aquilo que um ambiente deseja ser, se possa assim manifestar ao arquitecto’. O método mais veloz, singelo e sistemático de o conseguir é a través da Meditação Transcendental. Buckminster Fuller que conheceu e conviveu com Maharishi definiu assim a sua experiência: ‘subscrevo sem reservas a sua filosofia (de Maharishi) e o emprego da Meditação Transcendental para desenvolver e aumentar o benefício físico e mental de todos. O indivíduo que aproveite os benefícios das intuições produzidas pela meditação pode empregar os princípios generalizados da natureza e produzir artefactos... de graduação preferencial para os seres humanos’. Um arquitecto védico é pois um indivíduo com um estado de consciência plenamente evoluído, que desfruta de acesso a essa criatividade da natureza, disponível no campo unificado e que a utiliza para o bem estar dos demais. O arquitecto em sânscrito chama-se Sthapati, aquele que é capaz de estabelecer consciência na matéria.

TUDO É CONSCIÊNCIA

‘Tudo é consciência, nela reside o segredo de como somos feitos. Sabei-o. Pode-se alcançar a habilidade de construir todo o universo a partir do conhecimento de uma simples erva’.

Louis Khan

Os princípios de projecção usados pelo Sthapatyaveda são capazes de avivar a totalidade em cada parte, ou seja, avivar o Campo Unificado dentro de limites. O propósito do Sthapatyaveda não é só de realizar os projectos de construção de acordo com a Lei Natural, mas mais importante ainda - é o de estabelecer a vida de todos aqueles que desfrutem destes espaços, na totalidade da inteligência cósmica. De acordo com os Vedas tudo o que existe é consciência. Toda a matéria é uma expressão, ou uma modificação da consciência. Portanto, a nossa ciência de construção deve ser capaz de despertar a consciência dos seus habitantes. E porque não, da própria matéria. Max Planck, pai da física quântica afirmou ‘considero a consciência como fundamental. A matéria é uma derivação da consciência’. Assim vemos que a consciência tem sido equiparada pelos físicos quânticos com o Campo Unificado das Leis da Natureza. Os físicos quânticos consideram o Campo Unificado como o campo de maior concentração de energia, inteligência e criatividade do universo, é a própria origem do universo tal como descrevem as recentes teorias da Supercorda. O Campo Unificado também está disponível no ser humano no nível mais profundo e silencioso da sua consciência ao qual se pode aceder através de técnicas para o desenvolvimento da consciência como a Meditação Transcendental. Esta descoberta do Campo Unificado tem enormes implicações para a arquitectura. Quando estive na Índia apresentei na Maharishi Vedic University, em Nova Deli, um trabalho que vincula a arquitectura com o campo unificado, tema que podemos aprofundar noutro artigo. Desta forma, podemos afirmar que o arquitecto que seja capaz de sintonizar a sua consciência com esse estado supremo de criatividade da natureza, disponível no campo unificado, será capaz de realizar projectos em perfeita harmonia com o cosmos que dêem pleno crescimento aos seus utilizadores.

PRINCÍPIOS DA ARQUITECTURA STHAPATYAVEDA MAHARISHI

‘Pensas mais profundamente dentro da natureza deste edifício.’

Louis Khan

O Sthapatyaveda propõe os seus projectos na base das influências solares, lunares e planetárias sobre a terra e em referência aos pólos norte e sul e ao equador, para ligar a inteligência individual com a inteligência cósmica da natureza. O Sthapatyaveda fornece fórmulas precisas para determinar a orientação adequada, o posicionamento correcto das actividades, das divisões e as proporções adequadas. O resultado da aplicação destes princípios é um Vastu auspicioso para a vida.

Orientação Adequada
‘A arquitectura necessita desta luz criadora de vida, a mesma luz de que somos feitos.’
Louis Khan

Para recomendar a orientação adequada, o Sthapatyaveda analisa o indivíduo e o meio ambiente. Da nossa observação da natureza damo-nos conta de que a influência mais forte da Lei Natural na Terra provém do Sol. No seu caminho (segundo a percepção sensorial) do este
ao oeste gera diferentes qualidades de energias. O edifício deve ser desenhado tendo em consideração estas distintas qualidades, dado que cada uma delas corresponde a funções específicas que dão lugar às diferenciadas actividades de cada ambiente. Os arquitectos e os seus clientes desconhecem que a falta de boa-fortuna e o aparecimento de doenças ocorrem devido ao posicionamento incorrecto dos espaços em que as actividades tomam lugar. Por exemplo, o Sthapatyaveda recomenda que a construção esteja orientada e tenha a sua entrada principal pelo leste, pois a energia que provém do sol é maior e mais vital quando o sol nasce de manhã. Isto traz grandes benefícios para a saúde e vitalidade dos seus utilizadores. Se a entrada principal está mal orientada provocará influências negativas de ira, agressividade, medo, pobreza e doença. A orientação leste dos edifícios é a mais recomendada pelo Sthapatyaveda. Estudos recentes em neurociências confirmam este princípio. O nosso cérebro é altamente sensitivo à orientação, posição e direcção no espaço. A emissão de neurotransmissores e a vibração de determinados neurónios no tálamo e no hipocampo mudam em proporção com a velocidade angular e a direcção em que a cabeça se move. Há neurónios específicos para a orientação. Determinadas orientações têm sido associadas com a ansiedade, falta de criatividade e comportamento antisocial. A orientação pela qual o cérebro emite neurotransmissores associados com a sensação de bem-estar e desenvolvimento pessoal em quantidades maiores é quando está virado para leste (Journal of Neuroscience, n.º15; Brain Research Bulletin, n.º 40) pelo que as pessoas deveriam realizar as suas principais actividades viradas para leste.
Segundo o Sthapatyaveda cada orientação produz uma influência específica nos seus habitantes:
- Este: Riqueza, plenitude e realização pessoal (iluminação); Nordeste: Falta de felicidade matrimonial e familiar; Noroeste: Mente agitada e instável; Oeste: Falta de criatividade e vitalidade, pobreza; Sudoeste: Zangas constantes; Sul: Sofrimento e problemas, todo o tipo de influências negativas: Sudeste: Medo constante.

Um estudo estatístico recente levado a cabo numa universidade americana demonstrou que as pessoas que tinham as suas vivendas orientadas para leste tinham índices muito superiores de saúde mental, física, familiar e maior prosperidade económica do que aquelas cujas habitações estavam orientadas para sul.

Posicionamento Apropriado das Divisões
‘ A arquitectura e os seus detalhes pertencem de um certo modo à biologia.’
Alvar Aalto

À medida que o sol se move (para a nossa percepção) nos céus, produz diferentes influências nas distintas zonas do edifício. No Sthapatyaveda, o projecto realiza-se para que cada uma destas influências solares corresponda às actividades específicas a realizar em cada divisão. Existe um lugar ideal para promover o melhor resultado de cada actividade, como comer, estudar, trabalhar, dormir, etc. É muito importante posicionar cada divisão de acordo com a função derivada da sua respectiva influência cósmica. De outro modo, uma pessoa pode por exemplo sentir-se com sonolência no seu local de trabalho, ou com apetite quando vai dormir, provocando um conjunto de desequilíbrios na vida do utente e sobretudo, bloquear as máximas possibilidades que a natureza nos oferece. Cada coisa tem a sua posição precisa nas diferentes estruturas do universo. Também no nosso corpo os diferentes órgãos não estão posicionados arbitrariamente nem ao azar. O conhecimento do posicionamento correcto das diferentes divisões é fundamental para promover a evolução e a saúde integral dos seus utentes.

Proporções e Relações métricas apropriadas
‘Estas relações... são uma criação matemática do vosso espírito. São o idioma da arquitectura... haveis estabelecido relações que me comoveram. Isto é arquitectura.’
Le Corbusier

Tudo na natureza está adequadamente proporcionado de acordo com a sua função. Voltando ao exemplo do corpo humano, cada órgão não só está situado especificamente mas também as suas proporções são precisas. Qualquer desequilíbrio em ambas ocasionaria uma série de problemas e doenças. No Sthapatyaveda, também encontramos as proporções, relações matemáticas de cada ambiente e da edificação em geral as quais são de valor fundamental. No Sthapatyaveda não existe um módulo geral, mas sim um módulo específico que varia de acordo com o proprietário. Cada edifício é projectado de acordo com cálculos individuais ajustados a proporções que o vinculam com a natureza e o cosmos. Quando se projecta em Sthapatyaveda uma vivenda para um indivíduo, as dimensões das divisões, dos espaços vazios e as proporções da sua elevação são calculadas na base do próprio indivíduo com um módulo que resulta de uma análise matemática da sua própria fisiologia e entre outros factores acrescidos, a sua relação com o sol, lua, planetas, estrelas e constelações. Desta forma, asseguramo-nos de uma perfeita ressonância entre as estruturas cósmicas e todos os componentes da vivenda. Tudo no seu conjunto cria um todo harmónico, à vista cria beleza, ao sentimento cria bem estar e paz, ao indivíduo liga-o ao cosmos e promove a sua evolução.

Outras considerações
‘O Princípio da vida interior é um presente ofertado a toda a semente; o princípio de vida interior é necessário também a todo o edifício’.
Frank Lloyd Wright

Os pontos referenciados acima são principais mas não são os únicos a ter em conta para um projecto em perfeita harmonia com a Lei Natural. Existem outros factores que podem influenciar favoravelmente ou não um edifício, como por exemplo, para onde está orientada a vertente do terreno, os arredores do terreno, a posição de massas de água, como rios, lagos, mares; a direcção das correntes de água, o tempo que demora o sol a incidir os seus primeiros raios sobre o edifício, posição de árvores, etc.

Uma questão de estilo

Como temos podido ver o Sthapatyaveda promove o uso de princípios universais de projecção de construções que respeitam a forma como a matéria e o universo estão organizados. Através do mesmo, o estilo de uma edificação pode mudar de acordo com o país e o lugar. Rossi reivindicava a autonomia relativa da ordem arquitetónica e o seu papel na memória dos povos para contribuir para a manutenção da sua integridade cultural. A ordem e o estilo arquitectónico de um lugar ou cultura são a manifestação da lei natural de acordo com as características próprias de cada lugar - e portanto, o seu respeito tem um valor de permanência no tempo. O Sthapatyaveda não é arquitectura de tipo hindu. Com o Sthapatyaveda pode fazer-se um projecto que reflicta no seu estilo as características próprias do lugar sem mostrar nenhuma influência externa. O Sthapatyaveda tem que ver sobretudo com a organização do espaço e neste sentido, uma análise histórica das culturas antigas reflectirá que princípios como a orientação leste e o respeito do centro, (brahmasthan), foram princípios fundamentais utilizados na concepção do espaço. O Sthapatyaveda também é uma arquitectura que promove o conforto e a recreação visual dos utilizadores. A beleza dos detalhes exalta as emoções mais refinadas e impele o ser humano a estados superiores de percepção. Talvez entendendo isto, foi cunhada a célebre frase de Mies ‘ Deus está nos detalhes’, ou ‘o menor é o maior’. O conhecimento védico expressa isto mesmo como, ‘Yatha Pinde Tatha Brahmande’ – ‘O Indivíduo, o detalhe mais pequeno, é Cósmico’.

O que não se faz esperar
‘Fazer uma arquitectura mais humana é fazer uma melhor arquitectura’
Alvar Aalto

Aqueles que não se fazem esperar ao usarmos os princípios do Sthapatyaveda são os seus benefícios. As pessoas que vivem e trabalham nestes edifícios relatam que o seu pensamento é mais claro, que são mais criativas, que tomam decisões espontaneamente correctas, que se
sentem mais felizes, que sentem paz, que são mais saudáveis, que estão cheias de energia e vitalidade, que experimentam menos tensão, têm melhor sono, melhor digestão, maior rendimento académico, etc. Todos estes benefícios resultam do apoio harmonioso da natureza resultante da utilização de uma arquitectura que liga a vida individual à vida cósmica para a apoiar e nutrir.

O PODER DO CENTRO
‘É claramente demonstrável como carácter fundamental e independente do tempo a necessidade do homem de ter um centro.’
Christian Norberg-Shultz

Todas as formas surgem do Campo Unificado. A morfologia védica é surpreendentemente similar à morfologia quântica, que deriva da manifestação sequencial das distintas leis da natureza a partir do campo unificado. De facto, os padrões e pautas que a natureza utiliza na projecção e conformação da matéria partem de elementos muito simples que se combinam entre si dando origem a toda a variedade de formas da criação. De acordo com a teoria védica da criação, a partir do Atma (consciência pura) ou Campo Unificado, surgem os elementos principais que transformados dão origem a todas as formas e constituem as inumeráveis leis da natureza. O Atma no Sthapatyaveda está representado pela conformação do terreno e denomina-se Vastu Purusha Mandala (personificação da forma universal). Todo o universo está vivo em cada ponto do espaço-tempo e portanto, está presente no próprio terreno. O terreno é a expressão, à escala mais pequena, da totalidade manifesta e imanifesta da criação.
Se olharmos à nossa volta, encontramos um centro vital em cada estrutura do universo, como o centro da flor, o centro do sistema planetário no sol, o centro da galáxia, o centro no nosso corpo no coração, etc. e a partir daí se gera uma influência de ordem, equilíbrio e nutrição para toda a estrutura. O centro está presente em toda a organização na natureza e também a nível subjectivo, na forma como o homem apercebe a sua vida no espaço. Norbert-Shultz já o dissera: ’No que se refere à organização espontânea, o espaço do homem está subjectivamente centrado’. A história dos distintos povos se refere às cidades principais das grandes culturas como ‘centro ou umbigo do mundo’. O Sthapatyaveda sabiamente resgata esse elemento organizador universal e aplica-o ao espaço arquitectónico. A sua denominação é de Brahma-Sthan, que significa o lugar onde a totalidade está presente. Todo o projecto de Sthapatyaveda respeita o Brahmasthan a partir do qual se organizam os diversos espaços. O Brahmasthan representa o coração e a fonte de vitalidade do novo edifício. O Brahmasthan situa-se no centro do Vastu Purusha Mandala e é o lugar onde se inicia a construção e se realiza a cerimónia da primeira pedra. A partir daqui, o Sthapati após colocar o Shanku ou gnomo, realiza o traçado das direcções bem-afortunadas de acordo com o percurso do sol. Assim como o Brahmasthan tem a sua posição exacta, o Vastu Purusha Mandala divide-se em quantidades variáveis de quadrantes que correspondem a determinada lei natural que se encontra mais avivada nesse ponto. Por exemplo, o sudeste tem o elemento fogo mais avivado. O mesmo, corresponde ao metabolismo no corpo humano e portanto, corresponde a actividades como as da cozinha, transformação e processamentos eléctricos. Cada actividade humana corresponde a uma Lei Natural cósmica que se manifesta em determinado lugar do Vastu Purusha Mandala. Cada componente da estrutura está relacionada com as diferentes componentes da fisiologia humana e cósmica.

INTENÇÕES E REALIZAÇÕES DA ARQUITECTURA
‘Criar é obediência das leis da natureza’
Louis Khan

Os grandes arquitectos da tradição oriental, já desde Vitruvio, intuíram a relação tão próxima entre o indivíduo e o seu espaço arquitectónico e entre este e o cosmos. Vitruvio, no seu tratado composto 25 anos antes da era cristã, incluiu entre os princípios fundamentais da arquitectura: a ordem, a simetria, euritmia, etc. Princípios que coincidem com alguns que o Sthapatyaveda ensina como princípios da projecção presentes na natureza. Vitruvio afirma que os gregos antigos projectavam os seus templos de acordo com as proporções humanas. De facto, Manasara, um dos mais antigos tratados da arquitectura védica mostra como todas estas intenções e intuições dos grandes arquitectos podem alcançar plenitude através de princípios simples, nos quais se encontram interessantes pontos de coincidência, por exemplo, com o tratado de Vitruvio, apesar de o Manasara ter uma origem de muitos séculos de anterioridade. O Manasara resume os princípios da arquitectura védica contidos em textos muito mais antigos como os Puranas, o Ramayana, o Mahabharata e o próprio Rik Veda. Outros textos de arquitectura védica são o Mayamata e o Vastu Sutra Upanishad.
Temos tratado de demonstrar aqui, aliás, a par da intuição que os grandes mestres da arquitectura dos nossos tempos têm tido de forma bem consciente, que se aproximam e se cria a base comum sobre as intenções da tradição arquitectónica ocidental e as realizações da arquitectura védica.
Todavia, apesar das várias teorias de arquitectura terem mostrado claramente as suas intenções em relação ao indivíduo e à sociedade, não existiu uma ponte que construísse essas intenções como realidade. Todas falharam em criar ambientes ideais e uma vida melhor para o homem. A tecnologia védica disponibiliza agora os meios para levar a que estas intenções se façam realidade. Finalmente descobrimos, que mais além das tradições arquitectónicas oriental e ocidental, existe uma realidade que se está a verificar cientificamente e que o projecto mais correcto e benéfico para o ser humano é aquele que se baseia na Lei Natural. É disto que trata o Sthapatyaveda Maharishi.

PLANEAMENTO URBANO
‘Até que amemos e respeitemos a terra como que religiosamente, continuará o seu fatal desperdício’
Walter Gropius

Durante os últimos anos a procura de edifícios de habitação, escritórios, hotéis, ‘resorts’, e locais comerciais, usando o Sthapatyaveda tem-se incrementado de uma maneira extraordinária. Só nos Estados Unidos projectos para cima de mil milhões de dólares já se realizaram. O Sthapatyaveda está a converter-se num ponto de quebra entre a arquitectura que desponta com o novo milénio e que ressaltará mais com as Torres de Paz Mundial, como o edifício a construir em S. Paulo. Um edifício similar com uma altura superior pensou-se construir em Manhattan, mas por falta de terreno suficiente será concretizado no Texas. O mais alto desta série de 12 torres posicionadas em cada zona horária, será realizado no brahmasthan da Índia, no estado de Madhya Pradesh e terá uma altura superior a 700 metros. Outro projecto interessante de Sthapatyaveda é o Parlamento de Paz Mundial, a cargo de Arata Isozaki, a construir no Japão. Entre os projectos mais ambiciosos encontram-se também alguns de desenvolvimento urbano usando os princípios de um Vastu promotor de boa-fortuna. Foram apresentados projectos para a reconstrução de cidades existentes nos principais países do mundo de acordo com os princípios do Sthapatyaveda Maharishi. Uma cidade projectada de acordo com estes princípios promoverá a vida e a evolução da sociedade não permitindo a tensão na consciência colectiva, que se manifesta como criminalidade, poluição e estresse. Uma cidade Sthapatyaveda não permitirá que influências negativas do exterior afectem a integridade cultural da sociedade. Este princípio tem paralelo no Efeito Meissner na física, que mostra que a habilidade para resistir à desordem está baseada no funcionamento colectivo coerente de um dado sistema. Este princípio é subjacente ao Efeito Vastu Maharishi, recentemente descoberto, e mostra como a desorganização espacial urbana numa cidade conduz a problemas e caos na vida do indivíduo e da sociedade. Uma cidade com Vastu ideal, com eixos de organização espacial que seguem em paralelo com os eixos das direcções geográfias norte-sul e este-oeste organizados através de espaços centrais e subcentrais (brahmasthan da cidade e subnúcleos urbanos); automaticamente cria harmonia, ordem e apoio da lei natural para os habitantes e a sociedade em geral.
Urbanizações de Sthapatyaveda Maharishi já se realizaram nos EUA, Europa, Japão e empreendimentos novos se iniciam permanentemente. Em Inglaterra, a Associação Britânica de Regeneração Urbana, (BURA) concedeu o Prémio Nacional do Ano 2000 como o melhor empreendimento de renovação urbana, à urbanização Sidhaland, situada em Skelmersdale e realizada principalmente através do Sthapatyaveda. Esta urbanização agrupa cerca de 400 famílias, 2 áreas residenciais, um centro de saúde, pavilhão de desportos e um domo para a prática colectiva de Meditação Transcendental. O prémio foi apresentado por Hillary Armstrong, ministra do meio-ambiente e transportes inglesa, no Whitehall. em Londres. Um total de 60 projectos europeus participaram neste concurso. Os juizes disseram no seu veredicto: ‘É um projecto inusitado mas um exemplo distinto de excelência urbana em muitas formas que são totalmente diferentes de qualquer outro projecto apresentado. Os princípios do Sthapatyaveda devem ser mais amplamente difundidos pois representam uma perspectiva não convencional e eficiente de abordagem da educação, saúde e crime de uma forma positiva promovendo a regeneração urbana através do estímulo ao indivíduo no âmbito da sua comunidade’. ‘É o caminho que se deveria seguir em renovação urbana’ acrescentou o Arq. David Scougall, director do BURA e autoridade mundial em projectos de desenvolvimento urbano no Japão, Rússia e EUA.

CONCLUSÃO
‘A arquitectura encontra-se no ponto de união das forças interiores e exteriores, do uso e do espaço’
Robert Venturi

De acordo com as mais recentes descobertas da física e da química, os processos mais poderosos da criação e transformação na natureza são produzidos nos pontos de união. No ponto de união encontra-se avivada a totalidade em forma de semente. Este é plenamente um campo auto-referente e um campo de todas as possibilidades, que pode desvelar a sua plena potencialidade a quem abrir a sua consciência para ele. A arquitectura é também esse ponto de união, como bem o assinala Venturi. Este campo não sendo alheio às leis que administram o universo presentes nos pontos de união, tem um potencial transformador tremendo para o indivíduo e o meio-ambiente. Administrando adequadamente o ponto de união arquitectónico, o Vastu pode multiplicar tremendamente as potencialidades do indivíduo e promover o desenvolvimento da sociedade. O Vastu tem uma influência magistral no meio-ambiente. Um Vastu correcto cria um efeito benfazejo e multiplicador na sociedade. O Vastu é o ponto de união entre a vida individual e o meio ambiente, sendo o meio de harmonizar ambos.
A conclusão natural desta exposição é que a aplicação do Sthapatyaveda Maharishi é essencial para a vida do homem, e pode cumprir o propósito da arquitectura e as aspirações mais elevadas, dos grandes arquitectos de todos os tempos.

BIBLIOGRAFIA
- Architecure of Manasa Vol. I-VII, Traduzido do sânscrito para inglês por Prasanna Kumar Acharya.
- Mayamata Silpa Sastra, An Indian Treatise on Housing Arquitecture, Traduzido do sânscrito para inglês por Bruno Dagens.
- Vastusutra Upanishad, Traduzido do sânscrito para inglês por Bonner, Sarma e Baumer.
- Existência, Espaço e Arquitectura, Christian Norberg-Schulz
- A Nova Arquitectura e o Bauhaus, Walter Gropius
- Para uma Arquitectura, Le Corbusier
- The Arquitects Conscience, Alvar Aalto
- Forma e Estrutura, Frei Otto
- Arquitectura da Cidade, Aldo Rossi
- Complexidade e Contradição na Arquitectura, Robert Venturi
- Supravivência através do Desenho, Richard Neutra
-Designs According to Maharishi Sthapatyaveda, Maharishi Global Development Fund
- Building for the Health and Happiness of Everyone, Maharishi Vedic University - Padrões e Pautas na Natueza, Peter S. Steve